Outubro Rosa: palestra aborda a importância do acolhimento no ambiente de trabalho

sexta-feira, 11 de outubro de 2024 - Por
O médico mastologista Bruno Paolino
Nazaré superou um câncer de mama
Tatiana Nogueira, psicóloga do Grupo Atem

Um café da manhã especial em alusão ao Outubro Rosa, com palestras e um bate papo sobre a importância da realização dos exames preventivos para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado do câncer de mama, principal causa de mortalidade por neoplasia entre as mulheres, e responsável por 500 novos casos diagnosticados no Amazonas em 2024.

Assim começou a quinta-feira (10) de colaboradores do Grupo Atem presentes em mais uma edição do programa Vida & Saúde, que promove eventos mensais voltados à saúde física e mental nas empresas do grupo. Com o tema “Conhecimento que protege, cuidado que faz viver”, a edição deste mês reuniu os colaboradores no restaurante Coco Bambu, no Shopping Ponta Negra, em um espaço de aprendizado, esclarecimento de dúvidas e troca de experiências e saberes.

“Em se tratando de Outubro Rosa, buscamos a sensibilização e conscientização dos colaboradores sobre a importância da realização de exames preventivos e da busca pelo diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo de útero, que aumentam muito a taxa de sucesso nos tratamentos. A proposta é abordar esse assunto, que é tão importante e delicado, por meio de uma conversa agradável e informativa”, explica a psicóloga do Grupo Atem, Tatiana Nogueira.

Segundo Tatiana, o conhecimento é fundamental para esse processo de conscientização. “A informação é possível adquirir em qualquer lugar, mas o conhecimento envolve, para além da assimilação, a acomodação dos saberes. Para gerar uma transformação, aquela informação precisa fazer sentido para a sua vida. Por isso, estes momentos de compartilhamento de saberes e vivências têm o potencial de serem tão transformadores”, completou.

Superação que inspira

Entre os colaboradores que participaram do evento, a fiscal de Faturamento da Refinaria da Amazônia (Ream) Nazaré Monteiro tinha uma história especial para compartilhar com os colegas: há vida após o diagnóstico de câncer. “E ela está só começando. Eu busquei o diagnóstico e o tratamento, tive fé, disciplina e resiliência, e venci o câncer. E comecei uma nova vida depois disso”, contou ela, do alto de seus 60 anos recém completados.

A história de Nazaré, que hoje inspira os amigos e colegas de trabalho, envolve uma dupla superação, já que a descoberta do câncer de mama e a corrida pelos primeiros exames aconteceu no ápice da pandemia de Covid-19 em Manaus, em janeiro de 2021. Após identificar um nódulo no seio durante o banho em dezembro de 2020, e com os hospitais superlotados de pacientes com Covid-19, Nazaré teve que esperar até fevereiro de 2021 até conseguir fazer a primeira consulta na Fundação Centro de Controle de Oncologia (FCecon). Desempregada à época, ela lutou contra o câncer, contra a pandemia e contra a falta de vagas nos hospitais ao mesmo tempo, e por conta das restrições sanitárias, teve que enfrentar muitos momentos difíceis sozinha – e superou todos eles.

Quando a vida parecia mais frágil, Nazaré arrumou forças para começar uma nova vida. Com o tratamento, passou a praticar caminhadas diárias na praça, a ter uma alimentação mais saudável e balanceada, fez todos os exames, consultas e tratamentos religiosamente e, em abril de 2023, veio a alta médica. E, com ela, novas oportunidades de recomeçar. A maior mudança foi voltar ao mercado de trabalho, após seis anos de desemprego.

Acolhimento

Depois de passar por uma mastectomia e ainda em acompanhamento oncológico, ela aponta que o acolhimento que teve na empresa foi determinante para que ela pudesse voltar a trabalhar. “Depois de vencer o câncer, ainda consegui voltar ao mercado de trabalho, que era um grande medo: não conseguir emprego porque já tinha mais de 50 anos. Porque depois dos 40 ninguém mais quer contratar. Depois dos 50 então, nem se fala. E para quem já teve câncer é ainda mais difícil, pois mesmo depois da alta médica, os exames periódicos continuam por meses, para o monitoramento da doença, e nem todo empregador entende”, contou.

O relato de Nazaré destaca a importância do acolhimento aos pacientes oncológicos tanto no ambiente familiar quanto no ambiente corporativo. “Muitas vezes as pessoas escondem o diagnóstico por medo de perderem o emprego, e isso compromete o tratamento. Ter espaços de compartilhamento de informações como este, e saber que a empresa em que trabalhamos não só entende e respeita como nos dá suporte, é essencial para que as pessoas façam os exames preventivos, busquem o diagnóstico e o tratamento adequado”, disse.

Mais que isso, o acolhimento no ambiente corporativo impacta no sucesso do tratamento oncológico, lembrou o médico ginecologista e mastologista dedicado ao diagnóstico e tratamento de câncer de mama Bruno Paolino, que é membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e professor de Saúde da Mulher na Universidade Estadual do Amazonas (UEA) – e foi um dos palestrantes do evento.

“Uma questão muito importante para o sucesso do tratamento oncológico é o apoio. Dentro de casa, mas também nos outros ambientes em que essas pacientes circulam, inclusive no trabalho. Porque quando você tem um diagnóstico de câncer, você tem medo da morte, mas também de perder o emprego, porque você vai ter que se afastar para fazer o tratamento. Então a paciente se sentir acolhida no ambiente de trabalho e ter essa rede de apoio e segurança auxilia muito. E para as pessoas que não são pacientes oncológicas, este espaço é importante para conscientizar e quebrar tabus, como o de que ele é uma doença que só atinge mulheres, o que é um mito: o câncer de mama acomete, também, os homens”, alertou Paolino.

Conscientização

A infectologia Nilcéia Marques, que atua no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças infecciosas, abordou em sua palestra questões relacionadas ao câncer de colo e de útero, que também está entre as neoplasias que mais acometem as mulheres, e sobre o HPV (Papiloma vírus humano), que atinge homens e mulheres.

“Estima-se que duas a cada três pessoas sexualmente ativas têm o HPV, mas nem todo mundo tem sintomas, o que favorece a transmissão. Por isso, é importante promovermos esse tipo de conversa para quebrar tabus e alertar para o fato de que o câncer acomete homens e mulheres e que o HPV não está restrito ao câncer de colo de útero: ele pode causar, também, câncer de pênis, boca e tantos outros”, lembrou.

Para o CEO do Grupo Atem, Fernando Aguiar, a expectativa é que esses espaços de compartilhamento de conhecimentos contribuam para criar nas pessoas o hábito do autocuidado, promovendo o bem-estar do corpo e da mente e contribuindo para a conscientização dos colaboradores sobre os cuidados com a saúde.

“O conhecimento e a prevenção são os maiores aliados na luta contra o câncer, mas também a favor de uma vida mais saudável para todos. Por isso, este espaço que promovemos todos os meses é, também, um investimento em qualidade de vida e no bem-estar não só de nossos colaboradores, mas de toda a comunidade que os envolve”, declarou.